De maneira simples e didática podemos descrever como sarnas aquelas doenças causadas por ácaros que produzem em maior ou menor grau escavações na pele. Estes parasitas produzem substâncias alérgicas responsáveis por reações de hipersensibilidade que causam muito prurido (coceira), e graus variáveis de perda de pelos. Entre os tipos mais comuns classificamos estas doenças da seguinte forma, descritos em ordem decrescente de incidência. 1- Sarna sarcóptica ou escabiose canina: é o tipo de sarna mais comum.
Geralmente acomete animais provenientes de abrigos; ou com histórico prévio de contato com animais de rua ou doentes. Normalmente se inicia pelas extremidades, membros e focinhos, locais comumente sem pelos. Provoca intensa coceira, descamação da pele e alopecia (perda de pelos), além de deixar a pele avermelhada e irritada. Como o ácaro Sarcoptes scabiei canis escava superficialmente a pele do portador esta sarna é a mais facilmente transmitida aos homens e aos outros animais. Em contrapartida observando-se os cuidados referentes ao tratamento e a desinfecção do ambiente é a mais facilmente resolvida. 2- Sarna demodécica ou demodiciose: As lesões de pele se instalam quando existe população excessiva de Demodex canis, um habitante comensal.
Este crescimento exagerado está associado a um fator predisponente como o endoparasitismo, subnutrição, imunosupressão ou períodos de estresse como parto, cio, cirurgia ou transporte. A demodiciose pode ser localizada, quando os sinais estão situados em áreas restritas de pele ou pode ser sistêmica. Aparece geralmente em cães, mas ocasionalmente ataca também os gatos. A idade média de surgimento dos sinais varia dos 3 aos 18 meses no caso da demodiciose juvenil, ou acima dos 18 meses quando ocorre a demodiciose generalizada adulta. Os sintomas da doença são muito variáveis, frequentemente se inicia em lesões localizadas que podem evoluir e se disseminar por todo o corpo causando variados graus de perda de pelos além de descamação prata acinzentada. É comum aparecem pápulas e mudanças na coloração da pele (hiperpigmentação). Alguns animais podem desenvolver doenças secundárias como a piodermite profunda, inchaço e liquenificação da pele. Para este tipo de sarna existe baixo risco de contaminação entre animais ou para os homens.
Como de trata de um ácaro que escava túneis muito profundos na pele o tratamento é longo e alguns animais não se curam, apenas mantêm a doença sob controle. Esta doença tem um importante fator genético, portanto cães com esta patologia não deverão ser utilizados para a reprodução. 3- Sarna da orelha: causada pela infestação da superfície cutânea e os condutos auditivos pelo ácaro Otodectes cynotis. Geralmente acomete os filhotes de cães e gatos. Nota-se a doença pelo acúmulo de secreção ceruminoso ou crostoso de coloração marrom escura, tipo borra de café nos condutos auditivos. Em geral as orelhas apresentam coceira intensa, otite secundária e perda de pelos principalmente nas bordas.
É facilmente diagnosticada através de exame do ouvido com otoscópio onde se observam os ácaros se locomovendo livremente dentro do canal auditivo, ou através de exame de raspado de pele. Felinos adultos podem ser portadores assintomáticos. 4- Sarna notoédrica: conhecida como a escabiose dos gatos é ocasionada pelo Notoedres cati. Esta sarna sarcóptica felina causa lesões muito pruriginosas, ressecamento e crostas localizadas nas orelhas que se disseminam rapidamente podendo levar o animal a perda progressiva de peso e a óbito por complicações secundárias. È de todas as citadas a mais rara. Para todas as formas existe uma boa perspectiva de cura quando se observam todos os cuidados com o tratamento do animal e do ambiente.